segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

RECADO A PAPAI NOEL

Eu não gosto de você meu bom velhinho!
Você vem com o cabelo em desalinho,
Choro, sofro e até me sinto mal
Pois vocês me meteram nessa dança,
Inventaram os meus sonhos de criança,
Mas eu sei que você não é real!

Você finge esconder as amarguras
Desses filhos sem pai, da desventura
É um jogo cruel e desleal...
Pois o sapato que eu tenho o fiz de lama,
Das calçadas das ruas a minha cama
E da incerteza da vida, um ideal!

Porque insistes em viver essa mentira?
Pois, só o bobinho, o inocente te admira
Nessa história de descer na chaminé.
Porque mentes para crianças desse jeito?
Pois pra mim, é maior o teu defeito,
E representas de fato o que não é!

És um chato! O teu saco é o meu vazio...
Os irmãos que eu tenho sentem frio
Porque nunca ninguém os procurou
Talvez seja: o seu futuro – a cova rasa!
Sem ter chão, sem ter teto, sem ter casa;
Onde está o que chamam de “amor”?

Sou mais um dos milhões de deserdados
Sem ter fé, sem presente e sem passado...
Meu papai, o Noel não é real!
Pois sequer tenho eu um endereço...
Será mesmo que é isso o que eu mereço?
- nem papai, nem Noel... E nem Natal!

                Célio Queiroz 
Acadêmico da cadeira 17 – Patrono: Milton Souto


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