(Ricardo A. Guerra da Silva, membro efetivo da Academia Palmarense de Letras – Aple, titular da cadeira nº 2)
Zé dos Mangaios tem de tudo quanto é catrevage para vender na sua barraca coberta de lona, bem no meio da feira de Jaqueira Ele garantiu que:
- “ Inté já incomendô inergia im pó pra mode vendê a grané”.
E bainha pra foice roçadeira
Tem corda de náilon boa de dá nó
E lona pra cadeira espreguiçadeira.
Parafuso de toda qualidade e polegada.
Faca peixeira da boa e também tem facão.
Espoleta de bacamarte festeiro e espingarda.
Feito de couro, para faca peixeira, tem até o surrão.
Chapéu de couro e abano pra fogão e fogareiro.
De muitão, tem pinhão e ximbra, pra menino brincar.
Feito de lata de querosene tem o bom candeeiro.
Pólvora elefante e chumbo pra passarinhar.
Remédio pra curar animal com bicheira braba.
Pra cachorro pequeno e grande ele vende a coleira.
Martelo e bassouras de palha e de piaçava.
Para o fogão a gás tem ainda a mangueira.
Barbantes de todos os tipos e pra facas tem pedra de amolar.
Pás e, para pedreiro, tem colher e desempoladeira.
Bainha de couro, colher de pau e grelha para carne assar.
Estrovenga, machado, enxadeco, cavador e foice roçadeira.
Bala pra espingarda e revólver, fechadura pra porta e porteira.
Veneno para matar rato e saúva. Feito de agave tem espanador.
Pra pegar catita e guabiru tem ratoeira feita de madeira.
Pra passarinho a ração e, para do milho fazer pamonha, tem ralador.
Luvas de couro e plásticas, arame farpado e chapéu de palha.
Enxada Tramontina, para nivelamento e prumo tem marcador.
Para animal de carga tem cia, rebenque, rabichola e cangalha.
Pé-de-cabra, chave de fenda e para fogão a gás seu queimador.
Pra tanger uma tropa de burros e mulas tem um bom “rêio”.
Corda de caroá e agave; pra marceneiro, prego de toda polegada.
Para um bom cavalo andador, cela, espora e todos seus arreios.
Rifle papo amarelo certeiro, pra se usar em qualquer empreitada.
Ferrolhos de todos os tipos e grampos para pregar arame.
Foice pra cortar cana-de-açúcar e artesanatos de couro.
Tem até mesmo enxada pequena pra plantar inhame.
Para o caboclo sabido: A “erva do cabra vivedouro”.
Certa vez um matuto perguntou:
- O senhor tem remédio pra rato?
Zé dos Mangaios, respondeu e perguntou:
- Tenho, mas ele está doente do quê?
Obs: O crédito da fotografia é do autor.