Sob o clima ameno do outono palmarense, a tarde do dia 2 de abril de
2016 ficou marcada pelos encantos do proferimento referente à biografia do
grandessíssimo poeta palmarense Ezequias Pessoa de Siqueira, conduzido pela
escritora, poetisa – acadêmica da APLE-Academia Palmarense de Letras, Sylvia
Beltrão na 22ª Reunião aberta da referida Academia, no salão –hiper’literário –
da Biblioteca Fenelon Barreto.
Na apresentação de seu patrono, a acadêmica Sylvia Beltrão, falou
sobre a pesquisa realizada para tecer e organizar as informações sobre poeta
Ezequias Pessoa, “...Quando comecei a traçar a minha linha de pesquisa sobre
vida e obra do meu patrono na Academia Palmarense de Letras, Ezequias Pessoa de
Siqueira, percebi que estava diante de um dos maiores desafios da minha vida. A
enchente de Palmares levou grande parte dos seus versos. Me senti enfraquecida.
Lembrei que a literatura sempre me desafiou e para não deixar que o desânimo me
vencesse, busquei o meu professor, minha luz literária: Admmauro Gommes. Eu
sabia que ele me fortaleceria e lhe fiz um pedido: Preciso de sal! Um tempero!
Por favor, se tiver um tempinho, me envie cinco linhas sobre: O que é
literatura?”
Uma certeza eu tinha: A resposta dele faria com que eu lembrasse do
compromisso literário que eu assumi ainda na Faculdade...
O maior poema de Ezequias
Pessoa de Siqueira:
A enchente que levou os versos foi a mesma que fez com que eu mudasse
a minha estratégia de pesquisa. Eu tinha que buscar “versos vivos”: A família
de Ezequias Pessoa de Siqueira. Foi quando eu consegui localizar o “maior
poema” que o meu patrono já escreveu: Evangelyne Pessoa, a filha dele! E
comecei a “escutar” suas lágrimas por conversas telefônicas. As primeiras
confissões chorosas e simultaneamente emocionantes me diziam: “Papai foi um
jovem sonhador que lutou pelo certo, com esperança no amor”
E eu comecei a conhecer a
história dele.Os pais: Edith Jorge de Siqueira e José Pessoa de Siqueira
A biografia:
Nascido no dia 02 de agosto de
1932, no Engenho Lajedo, área rural de Palmares. Filho de tradicional família
palmarense. Chegou à Palmares em maio de 1945, ainda menino, estudou
contabilidade e posteriormente trabalhou no Banco do Povo. Foi funcionário da
antiga Fundação SESP, na área de saúde pública. Concursado pelo
Ministério da Saúde, ocupou o cargo público de agente administrativo em
hospitais e postos de saúde do Recife. Publicou alguns sonetos no antigo jornal
“A Noticia”. Tem inúmeros poemas inéditos. Foi incluído no livro “Poetas de
Palmares”, publicado em 1973.
Tem originalidade os seus poemas todos eles moldados à rigorosa
metrificação, e ritmos perfeitos.
É um grande repentista nos
versos humorísticos:
Na oratória, sobressai-se, forte e arrogante, saindo- lhe as palavras
como dardos ou setas, visando o ponto ou a quem ele vai atingir, sobretudo nos
tumultuosos comícios políticos em que tem tomado parte, nas árduas campanhas
eleitorais realizadas em Palmares. Inteligente e penetrante como é, e dedicado
às letras, fez ele por si mesmo a sua cultura.
É expansivo e brincalhão:
Dá-nos gosto a sua aprazível convivência. Por vezes nos bares ou em
outras partes, improvisa horas de arte, com alguns poetas da terra que com ele
se encontram momentos onde todos passam a declamar poemas, quadras e outros
gêneros de poesia. É também um boêmio elegante, de linha impecável,
sem os excessos das manifestações de pouca educação dos que, pelo efeito de um
singular copo de cerveja, se desandam em expansões espetaculares de palhaços.
(Aurino Vieira
da D. Silva.)
A VIDA
Começando por cópula carnal
E entrando neste mundo já chorando...
Porque vou me iludir com esse bando,
Onde o homem mais sério é um chacal.
Viver sempre ligado e de punhal
E usá-lo sempre, se preciso quando,
E quando ficar velho e sem comando,
Não lamentar e suportar o mal.
E no ocaso as juntas se endurecem,
Todo metabolismo diminui,
Enfim, todos os músculos se esmaecem;
Ponto final. Toda estrutura rui
Como as flores do campo que fenecem!...
Pois com a morte tudo se conclui.
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EXISTA AMOR
Se não pode existir o amor sublime,
Esse amor que entrelaça os universos;
Exista amor ao menos nos meus versos
Pra combater sem se cansar ao crime.
Que todo ser humano se anime
A combater, sem tréguas, aos perversos;
Procure ser na vida um homem terso
E pelo amor sagrado sempre prime;
Se eu soubesse viver como os canalhas,
Eu venceria a qualquer batalha
Melhor que Aníbal, César ou Cipião.
Mas nasci homem para lealdade,
Me tornando inimigo da maldade,
Da mentira e da falta da razão.
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