quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Nossas boas vindas aos novos acadêmicos da Academia Palmarense de Letras:


DISCURSO DE POSSE NA APLE - José Durán y Durán



Fui indicado para, em nome dos novos apleanos, pronunciar este discurso de posse. Cada um dos novos membros desta Academia certamente teria enriquecido este momento com seus peculiares talentos. Agradeço e ao mesmo tempo peço compreensão pelo aspecto mais pessoal das palavras que se seguem.
Toda minha admiração e reverência, por cada apleano, ficou expressa no soneto que fiz dedicado a esta Academia Palmarense de Letras. Com imensa satisfação, na festa do 5º aniversário da APLE, pude ouvi-lo, recitado por mim, enquanto dados históricos desta benemérita instituição eram projetados no telão do Cine Teatro Apolo.
Ao sermos acolhidos, e hora empossados, como membros efetivos, estamos cientes da grandeza, significado e responsabilidade que estamos assumindo perante os confrades e confreiras, e, perante toda a sociedade palmarense. Responsabilidade de representar o nome desta Academia, o nome de Palmares, com toda a sua carga de poetas e literatos de renome, o mais dignamente que estiver nas nossas capacidades e energias.
Cinco anos atrás dava início em Palmares uma retomada histórica. Desta vez em novo contexto e circunstâncias. Porém, com o mesmo ideal de quantos há quase um século e meio, tentaram manter viva a chama das letras e da cultura. Neste primeiro lustro de atividades, que tive a sorte de acompanhar nos seus pormenores, pela comunhão de vida com uma das fundadoras, Socorro Durán, minha esposa, deu para experimentar a linfa de vida nova que corre pelas veias da educação; do resgate histórico dos escritores palmarenses; do incentivo aos novos valores literários, que não param de surgir a cada momento; da produção literária abundante; da presença inconteste em todos os âmbitos da sociedade. As rádios ganharam novas falas, as praças espetáculos, as escolas orientação e apoio, o teatro se encheu de poesia, música e encenações. O livro reencontra novo espaço e leitores.
Cheguei em Palmares cento e um anos depois do nascimento de Fernando Griz, e quarenta e seis anos depois da sua morte. Aos cento e quarenta e três anos do seu nascimento, venho ocupar a cadeira número trinta e quatro, cujo patrono é Fernando Griz. Meu ilustre patrono integra nesta Academia a tríade dos Griz: Arthur Griz, seu irmão, e Jayme Griz seu filho. Por sua vez, os Griz, se emparentaram com outros ilustres patronos: Ascenso Ferreira e Hermilo Borba Filho. Assim ficarei, a partir de agora, ligado indissoluvelmente, a esta prestigiosa e relevante família.
Ao ocupar a cadeira que me couve, terei a agradável e afortunada tarefa de visitar as palavras, a experiência e a vida de Fernando Griz. Resgatá-la à história para realimentar a vida de Palmares e de seus filos, com seus “Sonhos e Luctas”, título de uma de suas obras. Este mesmo espírito, sonhador e lutador, quero que anime a minha trajetória na Academia Palmarense de Letras, e de todos os meus confrades e confreiras.
Quero, neste momento, interpretar os sonhos, tanto dos fundadores desta Academia, como de todos os apleanos que viemos depois. Todos sonhamos com um planeta que preserve e promova a vida; com uma organização mundial que busque e garanta o bem comum de todos os povos; com uma cultura de respeito e promoção das diferentes culturas; com um ordenamento econômico que possibilite a criatividade, o lazer e a elevação dos espíritos sem privilégios e discriminações.
Estes sonhos tornam-se realidade na produção de uma literatura ecológica, uma literatura que abre as mentes para a organização da casa comum, uma literatura que resgate os elementos culturais mais genuínos dos povos, uma literatura profética que anuncia e denuncia tudo quanto deteriora a vida, e injeta luz para sustentar a luta de todos os espíritos que caminham na direção de um mundo mais feliz.
Confiantes, vamos a luta!

José Durán y Durán
Palmares, 31/08/2019